1ª TEMPORADA
BEYOND THE SEA
Escrito por: Glen Morgan e James Wong
Dirigido por: David Nutter
Scully e Mulder pedem ajuda a um prisioneiro que está no corredor da morte, chamado Luther Lee Boggs – que afirma ter habilidades psíquicas – para ajuda-los a apanhar um assassino que está à solta. Mas a morte do pai de Scully a deixa vulnerável, e, enquanto Mulder não crê nas habilidades de Mulder, é Scully quem se torna a ‘crente’.
Talvez o episódio de roteiro mais poderoso e dramático da primeira temporada. Uma mistura de desempenhos extraordinários, direção irretocável e historia perfeita faz deste, até hoje, um dos episódios mais lembrados, em termos de atuação, e em termos do que melhor pode representar o que Arquivo X se tornou.
A série não era apenas sobre ficção cientifica. Não era apenas sobre alienígenas ou monstros. Era sobre as pessoas. E, apesar de contar com todo o aparato da incompreendida e muitas vezes risível ficção cientifica, o episodio “Beyond the Sea” provou que a série e seus personagens podiam sim ter o apelo dramático, sendo utilizado com inteligência e delicadeza, possuindo talentos à altura de seu roteiro, para transmitir a emoção necessária a uma série dramática.
O episódio é, do inicio ao fim, perfeito, tentando mostrar um pouco mais da personalidade de Scully, da repressão, do amor pelo pai, e da desaprovação que ela sofreu ao entrar para o FBI. Scully tinha uma ligação muito forte com seu pai, e, podemos imaginar o quanto deve ter sido chato para ela ver sua escolha ser considerada inadequada pelo pai. Mas também, podemos imaginar o quanto um pai que viu sua filha na faculdade de medicina durante anos, escolher o baixo salário e perigos de uma agente do FBI no lugar de ser uma médica de sucesso.
A morte do Capitão William Scully marca Scully para sempre, e ela sente que, de alguma forma, o decepcionou. E que ele morreu decepcionado com ela. O interessante do episódio entretanto, é que Mulder chega à ele duvidando logo de inicio. Apesar de sabermos que Boggs fala a verdade, em especial no fim do episódio, ele tem sim uma mensagem para Scully e é do pai dela, Mulder não acredita. Ele toma o lugar de Scully na posição de cético, sendo tão cético que dá raiva. Como ele pode não acreditar? Ainda mais o Mulder? Fica até meio que fora do personagem, se a gente olhar de uma forma bem crítica, mas este contraponto é necessário, pois, justamente quando Mulder não acredita, Scully acredita. Desde o inicio, o episódio da este tom, ela acha interessante Mulder não acreditar, e aquilo a desafia, a interessa. E, ao invés de tentar provar que aquelas coisas não existem, ela tenta provar justamente o contrário, fazendo Mulder até mesmo culpar a morte do pai dela por ela estar vulnerável e estar ‘acreditando’.
Talvez essa coisa de ‘acreditar’ e ‘não acreditar’ seja o que mais diferencie Arquivo X de outras séries com as quais é comparada. Por mais que as outras sejam ‘parecidas’, nenhuma pode usar esse artifício do crente e do cético sem parecer estar copiando literalmente a nossa série, então, o que faz Arquivo X ser, até hoje, algo único do gênero. E o mais interessante é o contraponto que os roteiristas sempre usaram, que, quando Scully é cética, Mulder crê, mas quando ela finalmente acredita, ele é cético. Esta inversão de valores seria utilizada em outro episódio da terceira temporada, e seria o grande arco da quinta temporada, quando Scully começa a acreditar e Mulder vira um descrente completo (pelo menos em relação a alienígenas).
O desempenho extraordinário do ator Brad Douriff como Luther Lee Boggs também merece grande crédito. Ele convence perfeitamente como o condenado à morte, o monstro que matou sua família inteira, consegue nos fazer sentir raiva e pena ao mesmo tempo, ao ver seu desespero por ter que enfrentar o escuro e frio que está por vir. É realmente assustador.
Outra coisa interessante que começou logo na primeira temporada, e é digna de nota, e eu sempre me surpreendi, é o quanto eles tinham timming e colocavam referencias a coisas que aconteciam à nossa época dentro da série. Justamente na época que o episódio foi ao ar, a febre dos assassinos em série havia se espalhado pelos EUA, tendo casos chocantes em todos os jornais.
Porém, outra coisa também tem que ser lembrada: o magnífico desempenho de Gillian Anderson durante todo o episódio. Se os executivos tinham duvidas quanto à contratação de Gillian, foi neste episódio que ela calou a boca de todos, dando uma suave, comovente e forte interpretação da dor de Scully, de como esta dor afetou seu trabalho, passando da fase da dor da perda, da raiva e da aceitação da morte, tudo durante um episodio único. Em alguns momentos ela parece estar fora de si, pensando sobre seu pai, seu olhar vaga pelo nada..... é magnífico como ela consegue. Inacreditável. Até hoje, quando assisto a este episódio, me dá arrepios quando ela grita com Lee Boggs, dentro da cela, enquanto Mulder está no hospital entre a vida e a morte, e ele se transfigura em diversas pessoas, inclusive no pai dela, e no próprio Mulder. Gillian está absolutamente incrível.
Os toques do roteiro da doçura de Mulder e de sua preocupação com Scully, e a parte em que ele a chama de “Dana” são toques bem marcantes do episódio. Ali cria aquela ligação entre ambos, ele demonstra se preocupar com ela, e a cena em que ele toca o rosto dela e diz: “I’m sorry about your father” é uma das mais shippers, cute, lindas e fofas de todos os tempos, fala sério! Todas as conversas que os dois tem, o momento em que ele fala que os sentimentos dela estarem atrapalhando o julgamento dela, mostra o profundo respeito que ele tem por ela, e em como o bichinho de sua dependência por Scully foi se tornando. Ele chama Scully de “Dana” o episódio inteiro.
E no fim, quando eles voltam as posições de crente e cético, quando ela refuta tudo o que estava acreditando, e ele finalmente começa a crer que Luther Boggs estava falando a verdade, ela diz a máxima das máximas: “Eu tenho medo. Eu tenho medo de acreditar”. Talvez o medo dela não seja o de acreditar. Talvez o medo dela seja que, se ela acreditar, a verdade possa subjugá-la, como subjuga Mulder.
Enfim, é um dos episódios mais incríveis de todas as nove temporadas, e não é à toa que é lembrado até hoje, seja por Chris Carter, David, Gillian, nós.... ele permanece atual, marcante e acima de tudo, emocionante.
VOCÊ SABIA?
- Na cena que o ator que interpreta o pai de Scully está movendo os lábios, ele está rezando o pai nosso.
- A atriz que faz o papel da mãe de Scully, Margareth, é Sheila Larken, esposa do co-produtor executivo R.W.Goodwin.
- Beyond The Sea é o nome da música que toca durante o enterro do pai de Scully, e, como é dito no episódio, é adorada por ele. Quando “Procurando Nemo” estreou no cinema, muitos excers ficaram até o final do filme, escutando esta música, que toca nos créditos finais do filme, e, que invariavelmente, nos fazem lembrar de Arquivo X. Esta música, “Joy to the World” e “Walking in Memphis” são três das músicas que sempre lembram a série. Além da música de Mulder e Scully, é claro, “Walking after you”.
- O ator Brad Douriff anos depois ficou famoso por interpretar o ‘Lingua de Cobra’ da triologia “O Senhor dos Anéis”.
- O ator que interpreta o pai de Scully, participou de um episódio da série “Supernatural” que tem diversos membros do da produção de Arquivo X, em um episódio que tinha William B. Davis (o Canceroso).
2 comentários:
BEYOND THE SEA É SEM DÚVIDA UM DOS MEUS EPISÓDIOS FAVORITOS!!COMO BOA SCULLYSTA, PODEMOS CONHECER MUITO DA PERSONALIDADE DA SCULLY!E SEM DUVIDA A CENA DE MULDER TOCANDO O ROSTO DE SCULLY É SIMPLESMENTE DIVINAAAAAAAA!!!HEHEHE......MARKE, NÃO SABIA QUE O PAI DA SCULLY REZAVA O PAI NOSSO NAQUELA CENA!!VALEU PELA INFORMAÇÃO!!BJUSSSSSSSS, VOU TENTAR ESCREVER EM INGLÊS NO SITE DO FRANK (APESAR DO MEU INGLÊS SER DEPRIMENTE!)
BJUSSSSSSSS
Eu amo esse episódio.
Quando ele a chama de Dana pela primeira vez... nossa!!!
É tão fofo. fofo,fofo!!!!!!!!!
Adorei esse post!
Maravilhoso!!!!!!
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