sábado, 16 de fevereiro de 2008

Gillian&David/David&Gillian - Parte I


Pra falar do relacionamento de Gillian Anderson e David Duchovny, é necessário entender as personalidades de ambos, a historia de vida de ambos. É necessário conectar o estilo de vida completamente diferente um do outro que tiveram, até a diferença de idade de quase dez anos.
David é o típico garoto americano de classe média criado em Nova York, filho de pais divorciados, pressionado a estudar muito, conseguir ganhar uma bolsa de estudos e entrar em uma faculdade de prestigio e ter uma carreira brilhante. Ou seja, a vida dele seria um clichê ambulante, sem nada de extraordinário que o diferisse de outras pessoas, já que milhares almejam e alcançam os objetivos que David fora designado a conseguir.
Gillian já é a não-típica garota americana. Ela é uma garota que cresceu pelo mundo, nascendo em Chicago, morando brevemente em Porto Rico, depois vivendo durante muito tempo em Londres, só para ter que voltar novamente para Chicago. A família de Gillian não tinha uma situação financeira excelente, isso anexado ao fato de ter caminhado pelos seus primeiros onze anos vivendo em três países diferentes, sem conseguir realmente fazer os amigos necessários na infância. Do baque da filha única, que de repente é brindada com um irmão nascendo logo após um outro, explodindo uma rebeldia contra as ações tomadas pelos adultos que influenciam a vida de nós, quando crianças.
David fora criado para ser um professor de universidade prestigiada, para viver fora dos holofotes, ensinando o que absorvera de sua educação privilegiada, sem alma de artista, ele caminhava o caminho traçado por outros, para si mesmo, aceitando de bom grado, da maneira que fora ensinado.
Gillian foi criada para ser o que quisesse, mesmo que seus pais não tivessem a intenção de dar esta escolha a ela, eles nunca tiveram escolha. A alma de Gillian nasceu pronta como artista. Pessoas assim são escolhidas pela arte, caminham os caminhos que o destino lhes traçou, fazendo as escolhas que eles pensam ser as certas para si mesmos, ainda que a maioria do caminho tenha sido horrendo.
David decidiu tornar-se ator, pois um amigo que o era disse a ele que seria legal e que era dinheiro fácil. Ele, talvez entediado pelo rumo que sua vida levava, decidiu dar um novo rumo à vida dele, contrariando os planos traçados com tanto afinco por outros, para ele, e tentando escolher um caminho traçado por si mesmo. Um caminho, talvez, mais lucrativo, e muito mais divertido.
Gillian tornou-se atriz por vocação. Ela sentiu, em sua alma de artista, que era a arte que a salvaria de si mesma, e de sua rebeldia contra as duras penas impostas involuntariamente por seus pais. Ela encontrou na arte o lugar para afogar seu ódio. Um lugar onde ela poderia ser muitas pessoas, sem deixar de ser ela mesma. Sua alma torturada de artista agradeceu.
Portanto, para entender o relacionamento de Gillian e David, é necessário pesar todos os contras que estas pessoas tão diferentes tem em desvantagem entre si. E é necessário pesar, o quanto esta diferença pode ser considerada uma benção, para certos aspectos do peculiar relacionamento deles, e o quanto a mesma diferença pode ser de fato, considerada uma maldição.
Quando os caminhos de Gillian e David se cruzaram, ela era uma atriz considerada talentosa, porém inexperiente no ramo. David, entretanto, já era um ator que participara de filmes e séries de tv, tinha um background, ainda que não sendo famoso, que o tornava ‘especial’.
Quando David conheceu Gillian, ela falou sobre ter morado em NY durante algum tempo (ela morou lá quando fazia algumas peças de teatro, logo após sair da faculdade) e ele ficou todo contente em saber disso, supondo que ela ERA de NY. Mas quando soube que ela na verdade era de Chicago, ele a deixou de lado, pois não era tão interessante quanto ele pensou. Ela não era da cidade DELE. Há, há.
Eu fiz essa lenga, lenga toda para contar os percalços que construíram o relacionamento dos dois, as bases que os sustentam, em cima de que tipo de alicerce foi construída esta relação. À época, eles não tinham idéia de que iriam trabalhar juntos por tantos anos, durante tanto tempo. Eles não tinham idéia de que, durante praticamente dez anos de suas vidas, iriam ver o rosto um do outro diariamente, iriam passar mais tempo na companhia forçada um do outro, do que de qualquer amigo ou familiar. Acho que, essa combinação de criação completamente diferente, personalidades, idades, estilos de vida, e a própria maneira de encarar a arte do trabalho de ser um ator, criaram um composto no qual a relação dos dois se baseou. Como não estavam preparados para o que enfrentariam durante tantos anos, essa base nasceu torta, esmagada pelo peso da enorme responsabilidade que foi colocada nos ombros dos dois, arranhada pelo tratamento diferenciado de um em detrimento do outro, no qual, essa diferença de personalidades e jeito de encarar a vida, foi crucial para a definição dos rumos da relação dos dois.
Uma coisa eu acredito piamente: se a balança pendesse para lados opostos (o bem tratado e o não tão bem tratado) acredito que a relação poderia ter sido diferente, e acredito que muitas das coisas que aconteceram com o passar dos anos teriam sido diferentes, e a série em si, assim como o relacionamento dos atores, teria estado em outro patamar.

Quando Arquivo X filmou seu piloto, David achou que iria trabalhar alguns dias, ganhar uma graninha, voltar pra Los Angeles e fazer mais filmes. Na sua cabeça, o piloto não seria escolhido. Para quem não sabe, são filmados dezenas de episódios-pilotos de séries, e apenas alguns (três ou quatro) são escolhidos para se transformarem em séries, e ainda assim, tem encomendados apenas alguns episódios (no máximo treze, à não ser que a série seja uma aposta daquelas [o que AX definitivamente não era]) e, se a audiência não for satisfatória, bye, bye, série. Enfim, DD achou que a série, por tratar de OVNIS e essas coisas, não agradaria, ou, se agradasse, teria apenas os seus treze episódios e tchau. Gillian, que não entendia (até hoje eu me surpreendo ao relembrar que Gillian não tinha idéia do que era uma série de tv, e nem onde estava se metendo. Eu fico impressionada na ingenuidade dela, e em como extraordinário é o destino, por fazer as coisas assim. Talvez se Gillian soubesse o que era uma série de tv, e onde estava se metendo, ela nunca teria nem ao menos lido o roteiro).
O que é mais interessante, é que, independente de saber se o piloto será escolhido ou não, os atores eram (hoje as coisas são mais maleáveis e os atores são mais espertos) obrigados a assinar um contrato de compromisso de CINCO ANOS. Quer dizer, apesar de torcerem (ou não saberem) que aquela coisa podia durar cinco anos (kkkkkkkk, ou muito mais que isso) os dois assinaram o contrato. Isso algumas vezes me faz ter vontade de sacudir os dois e perguntar: “Vocês não leram aquela coisa?”
:-)
Contra todas as possibilidades, AX foi escolhido. E eles tiveram que voltar para Vancouver para trabalhar. Mal sabiam que seria por muitos, muitos anos. É aí que começa a definição do que se tornaria o relacionamento de DD e GA.
Arquivo X não era uma série fácil de se filmar. Ora bolas, nada é fácil de se filmar. Para ter a cena pronta para dizer “Ação” são necessárias diversos testes de posição, decisão de vestuário, decoração do set, tudo para ver se está de acordo com o que o roteiro pede. É necessário ter o ator preparado, com as falas na ponta da língua. É necessário utilizar o máximo de tempo possível, pois, no showbusinnes, tempo é, literalmente, dinheiro. Coisas são alugadas, pessoas são pagas por hora. Atrasos significam perda de dinheiro. E aquilo é um negocio, certo? Perder dinheiro não é o objetivo dos ‘negociantes’.

Trocando em miúdos, durante seis dias por semana, de até dezesseis à dezoito (sim, 18) horas por dia, Gillian e David tinham que ficar à disposição da máquina de Arquivo X, com suas falas na ponta da língua, suas roupas e maquiagem perfeitamente impecáveis, e paciência de Jó. Tinham que estar dispostos a repetir quantos takes o diretor quisesse. Afinal, estavam sendo pagos para aquilo. Juntem isso às personalidades conflitantes já definidas linhas acima, a distancia dos familiares e amigos de Los Angeles, o tempo chuvoso de Vancouver e você terá amor ou ódio. Ou uma mistura explosiva dos dois.
É exatamente o ultimo que eu diria que o relacionamento de Gillian e David é. E é sobre isso que eu falarei no próximo post.
Sono bateu. ;)
bjux

5 comentários:

Anônimo disse...

Ei Marke....
To be continued.. nao vale... rs rs
Adorei.. já estou aguardando o novo post.

thanks.

Anônimo disse...

Ah... outra coisa.. nunca tinha visto essa foto da Gillian criança...
Que linda.. toda scullyzinha :):)

Unknown disse...

Proximo postttt :)

Agent Lizzie disse...

Muito bom mesmo!
Adorei saber dessas coisinhas, como sou uma eXcer nova ( fiquei fã ano passado) muita coisa do que aconteceu entre os dois, por trás dos panos eu não sabia.
Ainda bem que a Gillian não sabia o que era uma série de Tv - ela mesma já falou que não assiste - pois você consegue imaginar outra atriz para ser a Scully? Eu não.

Anônimo disse...

ADOREI esse post!!! Vou ficar esperando a continuação, não demora não, viu? :) tô ansiosa!!!